Psicanálise e Amor: uma transmissão.

Amar é um ato de Coragem!!!

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Ajuda psicológica para lidar com o fim de um relacionamento.

No dia 18/06/2013 recebi um convite por e-mail para contribuir na construção deste artigo para uma revista.

Pensei sobre o título e meus escritos perpassam sempre pelo olhar subjetivo e psicanalítico.

Deixo aqui um rascunho da minha construção....

Ajuda psicológica para lidar com o fim de um relacionamento.

Caroline Gouvêa S. Wallner



          Todos desejamos, em última instância ser amados. Ser capturado pelo amor é a maior alegria que um ser humano pode sentir na vida, mas assumir um relacionamento e responsabilizar-se pela relação é algo muito doloroso, embora preciso.

         Talvéz na saída de uma relação, e consequentemente passar por um fim de relacionamento saudável inclua saber o que é seu e o que é do outro, deixando sempre um espaço, a fim de que o desejo que se instaura nesta hiancia entre dois torne-se sempre a motivação para um novo encontro. Mas não ao encontro do outro como aquilo que lhe falta ou complete. O sujeito apaixonado, me parece, almejar fazer de dois –um. O ser apaixonado elege o seu amado a condição de único, de onipresente em seus pensamentos. Tenta-se apropriar de algo que é inapropriável. O que nos levaria a distinguir a paixão do amor.
         Carlos Eduardo Leal, poeta e psicanalista, aborda a diferença entre paixão e amor: "A paixão é a loucura do amor. O amor-apaixonado quer viver com o outro. A paixão faz com que o outro viva para você (já que você se oferece como altar dos sacrifícios para este outro). O aprionamento é inevitável e o sofrimento também. Ser servil nem sempre é ser submisso, porque muitos se utilizam da tirania da vítima."
         A palavra relacionar” vem do Latim RELATIO, ”restauração, ato de trazer de volta”, de RELATUS, usado como particípio passado de REFFERRE,  formado por RE-, “de novo”, mais  FERRE, “portar, levar”.O sentido de “estabelecer uma ligação entre pessoas” é do século XVIII. E no momento em que perde-se esse sentido de portar, levar ou ligar as pessoas, algo também se perde e passamos a vivenciar um luto.  Um luto a partir de um investimento de energia  no objeto amado, no outro. O entendimento que a Psicanálise faz do luto não diz respeito apenas à morte concreta de um objeto amado, mas também ao rompimento de um relacionamento. Diante disso nossa mente se comporta de forma equivalente quando há uma morte de alguém querido: um desânimo profundo e penoso, perda de interesse no mundo externo e na capacidade de amar, diminuição da autoestima. O enlutado vai se afastando da maneira com que vivia seu cotidiano.
         J.D.Nasio,psiquiatra e psicanalista, se pergunta: “Quem é o outro, meu parceiro, a pessoa amada? Quando Freud escreve que o sujeito faz o luto do objeto perdido, ele não diz ‘da pessoa amada e perdida’ e sim do ‘objeto perdido’. Por que? Quem era a pessoa amada que se perdeu? Que lugar ocupa para nós a ‘pessoa’ amada? É no objeto de investimento o qual fiz referência anteriormente.
         O sofrimento nos leva a maturidade, mas é necessário falar sobre aquilo que foi perdido, a fim de elaborar o luto, desinvestir a energia da representação do amado e retirar o excesso de afeto que existia nele. Sigmund Freud dizia que nunca nos expomos tanto à infelicidade do que quando amamos, e que nos sentimos ainda mais desvalidos quando perdemos o objeto amado ou seu amor. O sofrimento, ou o processo de luto não pode durar para sempre, Há uma distinção entre o luto e do que denominamos luto patológico – melancolia. A grande diferença entre um e outro, para Freud, é que enquanto no luto o mundo se torna vazio e inexpressivo, nos casos melancólicos, a pessoa que perdeu o objeto amado é que se sente vazia e inexpressiva. É necessário estar atento pois a melancolia não passa sozinho.
       Acredito que sair de um relacionamento amoroso de forma saudável, a análise seja aconselhável para quem está vivenciando um luto e imprescindível para os casos melancólicos. Para a Psicanálise encontrar  a si mesmo ajuda a superar o fim de um relacionamento. Buscar em si o que outrora se buscava no outro e saber que o sofrimento é algo inerente à condição humana, portanto  não podemos viver no lugar do outro algo que lhe é próprio, que não podemos apartar o sofrimento de quem quer que seja , no máximo, acompanhá-lo.

         "Amar verdadeiramente alguém, é acreditar que ao amá-lo se alcançará uma verdade sobre si mesmo. Ama-se aquele que conserva a resposta ou uma resposta à nossa questão 'Quem sou eu?'".  Jaques Alain Miller

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