No dia 18/06/2013 recebi um convite por e-mail para contribuir na construção deste artigo para uma revista.
Pensei sobre o título e meus escritos perpassam sempre pelo olhar subjetivo e psicanalítico.
Deixo aqui um rascunho da minha construção....
Pensei sobre o título e meus escritos perpassam sempre pelo olhar subjetivo e psicanalítico.
Deixo aqui um rascunho da minha construção....
Ajuda psicológica para lidar com o fim de um relacionamento.
Caroline Gouvêa S. Wallner
Todos
desejamos, em última instância ser amados. Ser
capturado pelo amor é a maior alegria que um ser humano pode sentir na vida,
mas assumir um
relacionamento e responsabilizar-se pela relação é algo muito doloroso, embora
preciso.
Talvéz na saída de uma
relação, e consequentemente passar por um fim de relacionamento saudável inclua
saber o que é seu e o que é do outro, deixando sempre um espaço, a fim de que o
desejo que se instaura nesta hiancia entre dois torne-se sempre a motivação
para um novo encontro. Mas não ao encontro do outro como aquilo que lhe falta
ou complete. O sujeito apaixonado, me parece, almejar fazer de dois –um. O ser
apaixonado elege o seu amado a condição de único, de onipresente em seus
pensamentos. Tenta-se apropriar de algo que é inapropriável. O que nos levaria
a distinguir a paixão do amor.
Carlos Eduardo Leal, poeta
e psicanalista, aborda a diferença entre paixão e amor: "A paixão é a
loucura do amor. O amor-apaixonado quer viver com o outro. A paixão faz com que
o outro viva para você (já que você se oferece como altar dos sacrifícios para este
outro). O aprionamento é inevitável e o sofrimento também. Ser servil nem
sempre é ser submisso, porque muitos se utilizam da tirania da vítima."
A palavra “relacionar” vem do Latim
RELATIO, ”restauração, ato de trazer de volta”, de RELATUS, usado como
particípio passado de REFFERRE, formado por RE-, “de novo”, mais
FERRE, “portar, levar”.O sentido de “estabelecer uma ligação entre
pessoas” é do século XVIII. E no momento em que perde-se esse sentido de
portar, levar ou ligar as pessoas, algo também se perde e passamos a vivenciar
um luto. Um luto a partir de um
investimento de energia no objeto amado,
no outro. O entendimento que a Psicanálise faz do luto não diz respeito apenas
à morte concreta de um objeto amado, mas também ao rompimento de um
relacionamento. Diante disso nossa mente se comporta de forma equivalente
quando há uma morte de alguém querido: um desânimo profundo e penoso, perda de
interesse no mundo externo e na capacidade de amar, diminuição da autoestima. O
enlutado vai se afastando da maneira com que vivia seu cotidiano.
J.D.Nasio,psiquiatra e
psicanalista, se pergunta: “Quem é o outro, meu parceiro, a pessoa amada?
Quando Freud escreve que o sujeito faz o luto do objeto perdido, ele não diz
‘da pessoa amada e perdida’ e sim do ‘objeto perdido’. Por que? Quem era a
pessoa amada que se perdeu? Que lugar ocupa para nós a ‘pessoa’ amada? É no
objeto de investimento o qual fiz referência anteriormente.
O sofrimento nos leva a
maturidade, mas é necessário falar sobre aquilo que foi perdido, a fim de
elaborar o luto, desinvestir a energia da representação do amado e retirar o
excesso de afeto que existia nele. Sigmund Freud dizia que nunca nos expomos
tanto à infelicidade do que quando amamos, e que nos sentimos ainda mais
desvalidos quando perdemos o objeto amado ou seu amor. O sofrimento, ou o
processo de luto não pode durar para sempre, Há uma distinção entre o luto e do
que denominamos luto patológico – melancolia. A grande diferença entre um e
outro, para Freud, é que enquanto no luto o mundo se torna vazio e
inexpressivo, nos casos melancólicos, a pessoa que perdeu o objeto amado é que
se sente vazia e inexpressiva. É necessário estar atento pois a melancolia não
passa sozinho.
Acredito
que sair de um relacionamento amoroso de forma saudável, a análise seja
aconselhável para quem está vivenciando um luto e imprescindível para os casos
melancólicos. Para a Psicanálise encontrar
a si mesmo ajuda a superar o fim de um relacionamento. Buscar em si o que
outrora se buscava no outro e saber que o sofrimento é algo inerente à condição
humana, portanto não podemos viver no
lugar do outro algo que lhe é próprio, que não podemos apartar o sofrimento de
quem quer que seja , no máximo, acompanhá-lo.
"Amar verdadeiramente
alguém, é acreditar que ao amá-lo se alcançará uma verdade sobre si mesmo.
Ama-se aquele que conserva a resposta ou uma resposta à nossa questão 'Quem sou
eu?'". Jaques Alain Miller
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